01 julho 2013

Livros - O Jogo do Anjo | Carlos Ruiz Zafón

Como já tinha referido aqui, este livro faz parte de uma trilogia composta por A Sombra do Vento, O Jogo do Anjo e O Prisioneiro do Céu. É importante referir que a ordem de publicação é esta mas os livros podem ser lidos independentemente, já que não é mantida uma sequência cronológica e cada livro é auto-suficiente.
Nesse sentido, O Jogo do Anjo revela-nos acontecimentos e personagens que antecederam a narrativa de A Sombra do Vento, apesar de publicado posteriormente. Conhecemos, por exemplo, o avô de Daniel, bem como a sua mãe, em cenários que já nos são familiares como a livraria Sempere e o Cemitério dos Livros Esquecidos.



Mas, apesar de existir uma ligação entre as personagens dos dois livros, o tom e a atmosfera que definem a narrativa não poderiam ser mais distintos dos do primeiro livro. Este é um livro mais maduro, mais sombrio e que presenteia os seus leitores com uma maior liberdade de interpretação. Para além disso, o autor recorre muito mais frequentemente ao fantástico e ao sobrenatural que n' A Sombra do Vento. Tendo isto em consideração, devo confessar que nem sempre soube qual era a extensão do meu poder enquanto leitora na definição dos acontecimentos, esperando muitas vezes por um esclarecimento que eu não sabia se vinha e com receio de avançar demasiado na minha interpretação até um ponto onde alterasse por completo o rumo da história.

Este livro conta a história de David Martin, um jovem escritor, com uma história familiar trágica. Sentindo-se mercenário do seu talento e escravo de um contrato que o obriga a escrever a um ritmo alucinante, David conhece um editor francês, Andreas Corelli, que lhe faz uma proposta irrecusável, alterando para sempre a sua vida.

O final agradou-me pessoalmente, muito embora sinta que ainda existem algumas pontas soltas em toda esta trama que, acredito, Zafón terá deixado propositadamente.
Sendo a mais significativa, sem qualquer dúvida: quem é Andreas Corelli?
Deus, o Diabo, a consciência de Martin, uma outra personalidade do escritor?!

Existe um diálogo entre o inspector Grandes e Martin que me intrigou e me confundiu consideravelmente.
"Peguei na chave e dirigi-me à porta. Antes de sair, voltei-me um instante. Grandes sentara-se em cima da mesa e observava-me sem qualquer expressão.
- Esse pregador do anjo - disse, apontando para a lapela.

- Sim?
- Desde que o conheço que lho vejo na lapela - observei."

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