18 junho 2013

Mais Dicas sobre a Mochila | Caminho português a Santiago de Compostela

Apesar de já ter feito um post inicial com uma listagem dos itens a levar e algumas considerações pessoais, que podem ver aqui, decidi esclarecer mais algumas questões que vejo serem levantadas frequentemente pelos peregrinos.

Quando precisei de comprar algum equipamento necessário para o Caminho, tive a sorte de apanhar algumas promoções. Apesar disso, procurei que tal não me impedisse de garantir algumas condições essenciais para o meu conforto e bem-estar que não podem ser descuradas.
De resto, para todos aqueles que têm dúvidas sobre onde comprar o equipamento, e muito embora não ganhe nada com a publicidade, a Decathlon parece-me um espaço com muita escolha e funcionários geralmente solícitos e informados.

Tamanho da Mochila:

Na altura comprei uma mochila da Quechua, a Forclaz 40, que como o nome indica tem 40 litros. O seu peso, quando vazia, é de 1,2 kg. Tem um apoio lombar razoável, que é essencial - apesar de alguns companheiros de viagem se queixarem dos ombros, eu sempre senti que o peso da mochila se fazia sentir essencialmente em dois locais, a zona inferior das costas e os joelhos. Para não sentir qualquer desconforto nos ombros e costas, para além da hidratação, deve ter contribuído o facto da mochila ter apoio para mãos o que me permitia aliviar o peso quando necessário.
Como esta é uma mochila de 40litros, o cinto deve assentar na zona da cintura (quando de 50l é desenhado para assentar nos quadris). Não se iniba de experimentar a mochila com todos os ajustes feitos nas presilhas e correias e verificar se se sente confortável.
Esta mochila possuiu ainda as costas em rede que ajuda a arejar e controla a transpiração.

Eu fui na época de transição Inverno/Primavera, por isso levei alguns itens que no Verão são desnecessários, tais como uma pequena manta e roupa mais volumosa. Se vai no Verão pode levar uma mochila com menos volume - 30, 35 litros - mas se levar de 40l não faça questão de a encher só porque tem espaço.




Capa protecção chuva:
O que esta mochila não possui é protecção para a chuva. Por isso, apesar de a ter comprado em promoção, tive de considerar o dinheiro que gastei numa capa.
A capa que acabei por comprar é para mochila e pessoa, o que se revelou francamente mais eficaz que aquelas que são só para a mochila, tão ou mais caras que a minha, e que não agradaram aos companheiros de viagem que as possuíam.
Não se esqueça que em época de Verão também chove na Galiza. Um impermeável/corta-vento continua a ser essencial. Além de que mesmo esta capa total, quando dobrada, não ocupa muito espaço. Ainda assim pesa 410g.




Bolsa para produtos de higiene:
Apesar de ter referido aqui que um bom truque é dividir os produtos de higiene pelos vários elementos do grupo, eu acabei por levar uma bolsa só minha porque fiquei em Santiago mais tempo e precisava deles.
O que fiz foi levar a bolsa que uso quando viajo de avião, que comprei num hipermercado, e que possui pequenos frascos com o tamanho ideal para este percurso (claro que racionado,  mas ainda assim sobrou um pouco de gel e champô). Os frascos têm cerca de 60ml e a bolsa, aproximadamente, 12x18x4 cm.
Esta parece-me uma boa solução para quem viaja sozinho.




Almofada insuflável:
Este é um item que só é necessário quando se verificam algumas condicionantes: a pessoa vai percorrer o Caminho em "época alta" e portanto corre o risco de não conseguir ficar nos albergues oficiais, não querer/puder ficar em albergues privados e acabar por pernoitar num poli-desportivo ou no quartel dos bombeiros onde não lhe vai ser fornecida almofada e a pessoa não conseguir dormir sem uma.
Antes de iniciar o meu Caminho acabei por comprar esta, mas como fui em Março, antes da Páscoa, e tive sempre lugar em albergues oficiais não precisei de a utilizar.
Mais uma vez, é uma decisão pessoal e neste caso trata-se de  algo muito leve.
Apesar disso, todos os gramas juntos vão acabar por perfazer muitos quilos.  





16 junho 2013

Receitas | Bolo dos homens (creme de manteiga e amêndoas)

Não sei porque motivo, ao longo de gerações na minha família, o nome deste bolo se manteve Bolo dos Homens, mas a realidade é que ninguém se sentiu tentado a chamar-lhe outra coisa. E assim, dou continuidade à tradição.




Massa do bolo:
- 6 ovos + 1 clara (aproveite a gema para o recheio)
- 200g de açúcar
- 125 de farinha autolevedante

Creme Recheio:
- 3 gemas
- 200g manteiga (será melhor não substituir por becel ou margarina, porque fica pouco consistente)
- +/- 130g de açúcar em pó
- amêndoa laminada q.b. para decorar

Preparação:
Separe as gemas das claras. Bata as gemas com o açúcar até obter um creme macio e esbranquiçado. Reserve. Bata as claras em castelo e junte ao preparado anterior, nesta fase prefiro envolver gentilmente com a colher de pau ou o salazar. Acrescente a farinha peneirada e continue a bater. Coloque a massa em  forma redonda (sem buraco), previamente untada com manteiga e polvilhada com farinha, e levar ao forno pré-aquecido a 180º/200 graus durante 25/30 minutos.
Mais uma vez refiro, recorro sempre à folha de alumínio para controlar a cozedura. Portanto, o que costumo fazer é colocar o papel desde início, e só o retiro a 5/10 minutos antes do fim, para ganhar cor.
Depois de desenformar, deixe arrefecer bem.

Para fazer o creme bata todos os ingredientes - as gemas, a manteiga (entretanto colocada à temperatura ambiente) e o açúcar em pó.
O sabor das amêndoas será acentuado se aproveitar o calor do forno para torrá-las levemente.
Portanto, para rechear o bolo começamos por cortá-lo em duas partes de forma a conseguir rechear o seu interior. Espalhamos uma parte do creme na parte inferior e polvilhamos com amêndoas q.b.. Depois, voltamos a colocar a parte superior do bolo, cobrimo-lo, laterais incluídas, com o restante creme e polvilhamos a restante amêndoa.
Bom apetite!


13 junho 2013

Livros - A Sombra do Vento | Carlos Ruiz Zafón

Existem livros que contam histórias tão especiais que nos iremos lembrar delas e das pessoas que as povoavam durante muitos anos, se não o resto da nossa vida.
A Sombra do Vento é um desses livros; com personagens maravilhosas, que desafiam a lógica, descrições intrincadas e coloridas e uma escrita incapaz de se apoiar em definições banais e aborrecidas, que nos apaixona nas primeiras linhas.
É o primeiro livro que leio de Carlos Ruiz Zafón mas certamente não será o último.



A Sombra do Vento começa por relatar a história de Daniel Sempere e do seu pai, livreiro de profissão, no momento em que este último levou o filho ao Cemitério dos Livros Esquecidos.
Cumprindo o ritual de escolher um livro que ali repousava e que, a partir desse momento, deveria adoptar e estimar, Daniel descobre A Sombra do Vento de Julián Carax.
Apaixonado pelo livro que acabara de ler, Daniel procura saber mais sobre o misterioso autor, que para seu espanto é tão desconhecido para o pai como era para si. Encetadas diligências para encontrar mais informações, acaba por descobrir que alguém se tem empenhado em apagar a existência de Carax e de todas as obras que publicou.
O mote está criado para uma história cheia de suspense até ao fim, que não negligencia, no entanto, a cidade e o tempo que contextualizam esta história - a Barcelona da primeira metade do século XX - e a riqueza folclórica da sociedade em questão. Muito embora, Daniel inicie a história, não existem personagens principais, nem tão-pouco um enredo linear de contornos precisos. E apesar de contar muitas histórias de amor, não se resume a isso!

Bem sei que existem imensas pessoas que se esforçam por não gostar do livro pela imensa popularidade que alcançou. Palermice. Apesar de recorrer a algumas fórmulas certeiras, a escrita é envolvente, bem como o enredo e as personagens criadas. Além disso, é uma verdadeira apologia aos livros e à paixão que eles despertam.
Não é um livro moralista, nem prepara nenhuma lição de vida de algibeira para nos atirar no fim, em forma de recompensa. No entanto, poderia citar inúmeras frases que deliciam pela sua lógica desarmante.

O único senão é o fim que merecia maior tragicidade. Mas porque A Sombra do Vento compõe uma trilogia não será a última vez que ouço falar de Daniel Sempere e de Fermín Romero de Torres.
As trilogias não me agradam pessoalmente. Para além do risco que representa para o autor.
Dito isto, logo que possa estou a iniciar o livro que se segue!!! Para, à semelhança deste, ler de uma assentada.

09 junho 2013

Receitas | Tarte de coco

Mais um bolo de coco! Esta receita foi-me dada por uma tia minha, que me disse ter tirado de um livro de culinária há muitos anos. Infelizmente, ela não me disse qual era o livro e/ou de quem. Lamento não poder dar o crédito, mas se conseguir saber volto para actualizar!
Entretanto, juntei algumas alterações minhas. Por norma, perseguem sempre o mesmo objectivo: diminuir no açúcar e na manteiga.




Massa:
- 125 g de farinha simples
- 75g de margarina
- Sal e água q.b.
- Umas gotas de sumo de limão

(nota: quem quiser usar uma massa de compra para poupar tempo, pode e deve fazê-lo. Já utilizei a massa quebrada do continente, que prefiro em relação à do pingo doce, e resultou lindamente!)

Recheio:
- 100g de coco ralado
- 3 ovos e 2 gemas
- 300 g de açúcar
- 1,5 dl de água
- Açúcar em pó para polvilhar


 Preparação:
Amasse todos os ingredientes, exceptuando o sal se a margarina já tiver. Deverá ficar com uma massa elástica e amanteigada. Deixe a massa repousar um pouco e depois, com o rolo ou à mão, estenda e forre a tarteira.
Eu costumo colocar à mão, utilizando os polegares para conseguir estender a massa. Como esta é uma massa crocante deve mesmo ficar o mais fina possível para um melhor resultado. Não deixe nenhum buraco na massa.
Para o recheio, comece pelo açúcar em ponto pérola. Para isso, leve 1,5 dl de água num tachinho ao lume com os 300g de açúcar. Deverá ferver uns minutos até atingir o ponto pretendido. Desligue e deixe arrefecer.
Entretanto deverá bater os ovos e as gemas com um garfo. Logo que veja que o açúcar arrefeceu o suficiente para os ovos não cozerem misture-os com o açúcar em ponto pérola, mexendo bem. Por fim junte os 100g de coco ralado. Encha a tarteira, previamente forrada com a massa, e leve a forno médio (180º - 200º), por cerca de 35-40 minutos.
Eu recorro sempre à folha de alumínio para controlar a cozedura. Portanto, o que costumo fazer é colocar o papel desde início, e só o retiro a 5/10 minutos antes do fim, para ganhar cor.
Depois de desenformar, deixe arrefecer e decore a tarte polvilhando com o açúcar em pó.
Bom apetite!



03 junho 2013

Variante Espiritual do Caminho Português

Recebi um folheto sobre esta variante do Caminho Português, aquando da minha estada em Pontevedra.
Vou tentar reproduzir a informação nele contida.
Eis o mapa do caminho.

Mapa retirado de folheto informativo
Fundación Camino Portugués de Santiago / Mancomunidade do Salnés

Esta Variante Espiritual coincide com o Caminho Português até Pontevedra, vindo a encontrá-lo novamente em Pontecesures.  As etapas que se seguem a Pontevedra são:

1ª Etapa | Pontevedra - Armenteira
19,65 km
Dificuldade: média - alta
Recomendações: Nos últimos 7 km não existem estabelecimentos onde comprar água.

2ª Etapa | Armenteira - Vilanova de Arousa
23,60 km
Dificuldade: média

3ª Etapa | Vilanova de Arousa - Santiago de Compostela
15 milhas náuticas + 26,00 km
Dificuldade: média - alta

Para mais informações, sobre as diferentes embarcações que fazem Ría de Arousa/Rio Ulla:
Ruta Rias Baixas  - T. +34 649 954 289 - 986 524 631
Mar de Aguiño - www.mardeaguiño.es | T. +34 619 978 390
Illas Atlanticas - www.illasatlanticas.com | T. +34 692 168 303 - 692 169 850 - 625 050 291

A esta data o preço da travessia é de 45€ e as embarcações exigem um número mínimo de passageiros. Nos sites das empresas acima mencionadas referem as vantagens de fazer reserva, incluindo pagamento, já que assim poderá ter acesso a um desconto.


Segundo uma reportagem feita pelo Canal Rías Baixas, de 20 Julho de 2012, é possível obter a Compostela através desta vertente do Caminho.
"Para acreditar o paso dos visitantes, tanto os dous mosteiros, como as oficinas de turismo dos catro concellos do Salnés dispoñen de cadanseu selo. Con eles, e cos quilómetros necesarios feitos poden conseguir a Compostela, unha vez chegados á Capital de Galicia."


Também não precisa de se preocupar com a sinalização do Caminho, já que desde Pontevedra encontrará esta sinalética referente à Variante espiritual.



Partilho, também, um vídeo que encontrei com mais informação disponível:


Livros - South of the Border, West of the Sun | Haruki Murakami

Este foi o primeiro livro que li de Haruki Murakami, um autor japonês, a conselho de uma amiga.
Devo confessar que, ao contrário da crítica que considera esta uma grande história de amor, achei que se tratava de uma história morna, com pouco de amor à mistura. Mas ainda assim recomendo a sua leitura. Relembra-nos a capacidade infinita que o ser humano possui para sabotar a sua própria felicidade.




Li algures que quando alguém faz uma avaliação sobre um livro que leu, deveria evitar fazer juízos de valor.
Não sei se tal será possível. Implicaria desligar todos os filtros que criei, desde que nasci, e olhar para este romance como se nunca tivesse amado, como se não reconhecesse certos traços de personalidade, como se nunca tivesse sofrido e feito sofrer.
Claro que quando falamos de um romance publicado originalmente em 1992, sob os padrões da cultura japonesa da época, tem de existir um distanciamento que nos permita contextualizar esta história.
Mas quando falamos de carácter, de qualidades e defeitos intrínsecos à condição humana, é normal que a tendência seja para comparar com as nossa próprias experiências. E, sem dúvida, esta é uma perspectiva muito masculina do amor, com a qual não me consegui relacionar totalmente (enfatizada pelo facto de esta história se situar no seio de uma sociedade patriarcal).

A história centra-se no percurso de Hajime, filho único, algo raro no Japão da época, o que irá moldar a sua personalidade e acentuar o seu lado individualista. Desde a sua infância e a descoberta da amizade ao lado de Shimamoto, até ao momento em que, já casado e pai de duas filhas, reencontra a amiga para definitivamente permitir que os sentimentos que (ainda) nutria por ela sejam despertos.

Mas a palavra que sinto cravada a ferros na minha mente sobre este romance é morno. Tudo nele é morno. O começo que demora a agarra o leitor, a relação entre as personagens... até as cenas de sexo foram incapazes de provocar um rubor na minha face. Têm tanto de explícito como de desapaixonadas.
Para além de que o mistério exagerado à volta do percurso de Shimamoto, não me permitiu criar empatia com a personagem. Mistério não deve ser literalmente a ausência de informação.

O melhor deste livro é, na minha opinião, a construção da personalidade de Hajime. Que, tal como acontece na realidade, pode ser constituída por características, muitas vezes, contraditórias. Quanto a Hajime, acredito que apesar da sua tendência para magoar quem o ama, seja basicamente uma pessoa decente.
Apesar disso, a sua tendência para a traição é um comportamento muito explorado neste livro. Desde a inconsciente, a física, a moral, até à que é perpetuada contra a sua própria pessoa. Pela minha experiência, a obcessão por alguém do passado, inalcançavel, não é mais do que uma traição para com o presente. Nunca tive a tendência de Hajime para a autodestruição. Para outros fará todo os sentido. 
Por isso mesmo, o fim deixa em aberto imensas possibilidades sobre o destino destes "star-crossed lovers". Basta imaginação.
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